segunda-feira, julho 16, 2007

134. ALENTEJO. 13.07.07


Aldeia


Nove casas,
duas ruas,
ao meio das ruas
um largo,
ao meio do largo
um poço de água fria.
Tudo isto tão parado
e o céu tão baixo
que quando alguem grita para longe
um nome familiar
se assutam pombos bravos
e acordam ecos de descampado.

Manuel da Fonseca
"Lisboa é muito bonita e eu gosto muito: é uma aldeia. Veja por exemplo a Estefânia. Aquele bairrozinho para onde vim morar quando vim do Alentejo está agora irreconhecível... e ainda bem. Lisboa está diferente e para melhor, mas ainda continua a ser aquela Lisboa que me levou a gostar ainda mais do Alentejo, do meu Alentejo. Tudo é ao contrário desse Alentejo, e por isso eu aprendi a gostar ainda mais dele. As pessoas zaragatam, fazem-nos má cara, mas são encantadoras. Lá fora, há tanta gente nas ruas, e não acontece nada. Aqui basta darmos dois passos para encontrarmos uma discussão, uma exaltação, mas isso é vida, é cor."
Última entrevista de Manuel da Fonseca - Expresso, 20 de Março de 1993

7 comentários:

Anónimo disse...

Ah, sim, o meu quase conterrâneo Manuel da Fonseca. Gosto muito deste poema, é mesmo essa a essência de uma aldeia alentejana. Pelo menos é daquela onde nasci! Beijo!

musqueteira disse...

... há em todo o Alentejo um segredo bem guardado!
da planicie ao vazio, há recortes de Cores e Cheiros que nos levam de mãos dadas áquele Céu que daqui se vê até os mares do Sul.
há tanto de Sul e de Norte neste Povo... que sem ele, não há pecado ou sorte que tombe neste imenso terraço habitado... quando o véu do Mundo sobrevoa o mais nobre bordado do Ser... daqui, se ouvem todos os sons e se observam todas as cores que habitam o Mundo em segredo partilhado.
gostei do Cabide!

Anónimo disse...

excelente composição...fotográfica.


beijosssssssssssssss.


imf.

Lauro António disse...

o casaco e o chapeu são meus, a parede do Paco Bandeira, o raminho da Maria e os olhos são teus. Bela amalgama, onde sobressai aqui o olhar que surpreende. Beijos.

Maria Eduarda Colares disse...

obrigada, isabel.
há que séculos não te vemos!
beijos

Maria Eduarda Colares disse...

lauro: obrigada. fICO feliz por gostarem.
beijos

Ana Paula Sena disse...

Realmente, o olhar que regista e envolve é o mais importante. Imagens bem captadas, eis o resultado! :)

Acerca do Alentejo: gosto imenso dessas terras onde tudo brilha a partir da extrema simplicidade. É, para mim, o lugar de um especial minimalismo português. E o lugar ideal para reflectir...
Beijinhos, M.!