domingo, dezembro 30, 2007

NOVO SERVIÇO


O Detesto Sopa inicia hoje um novo serviço de grande utilidade para os seus visitantes. Se fizerem descer o cursor até ao finzinho da página poderão consultar a previsão meteorológica. Assim ficarão a saber que hoje, em Lisboa, estão uns gloriosos 15º! Esta é uma promoção de Ano Novo para reconquistar alguns visitantes perdidos durante a época natalícia. Faça do Detesto a sua leitura diária, logo pela manhã (é grátis), e a chuva não o apanhará desprevenido.
Um bom ano para todos.

segunda-feira, dezembro 24, 2007

Santa Claus is tired... :-)


Santa Claus is tired... :-), upload feito originalmente por LenSOP.

Creio que este é o post ideal para este momento. Creio que corresponde ao estado de todos os Pais/Mães Natais por esse mundo fora.
Um excelente Natal a todos!

terça-feira, dezembro 18, 2007

175. TERRY JONES E OS PRESENTES DE NATAL

Terry Jones

Porque é (quase) Natal (e respectiva azáfama), eu e o M pequeno tirámos o fim de semana para fazermos coisas de que gostamos. Então fomos ao São Luiz ver um espectáculo que eu considero um daqueles presentes que o Pai Natal deveria deixar em todos os sapatinhos. Infelizmente, foi a última sessão, essa a que assistimos (era, aliás, a reposição de um espectáculo de 2006).

Tratava-se "Contos Fantásticos", de Terry Jones (o dos Monty Python, isso mesmo), com música do compositor Luís Tinoco, interpretada por uma magistral e divertidíssima Orquestra Metropolitana de Lisboa. A narração era feita pelo próprio Terry Jones nalgumas sessões e noutras pelo actor português João Reis. Os três contos são realmente fantásticos e falam de uma Estrada Rápida que nos leva onde quisermos ir, de Três Pingos de Chuva que, de tão emproados e convencidos, acabam numa poça lamacenta, e do Tomás, que encontrou um Dinossauro no velho depósito de madeira ao fundo do jardim.

Foi a versão portuguesa que vimos e, embora não tenha o original para termo de comparação, fiquei completamente rendida à actuação do João Reis. Eu, os miúdos que enchiam (enfim, não muito, mas bastante) a sala do São Luiz e o M pequeno que, ao fim de 15 minutos de espectáculo, dizia "mas isto é muito giro!". E tinha toda a razão!


João Reis (com Terry Jones ao fundo), no decorrer de uma entrevista.

Entretanto, Terry Jones encontra-se no São Luiz, a ensaiar o musical "Evil Machines", com libreto seu e música, tal como a dos "Contos", de Luís Tinoco. A estreia mundial está marcada para 12 de Janeiro.
A coisa promete! O próprio declarou em entrevista à SIC: "Quando escrevi o libreto pensei "não sei como é que eles vão encenar isto mas o problema é deles". Então o Jorge Salavisa (director do São Luiz) perguntou-me se eu queria encenar a peça, e o problema deles tornou-se meu também".

terça-feira, dezembro 11, 2007

174. PRESENTES DE NATAL

Então, como estava prometido, fui ao atelier da minha amiga Gracinda Candeias. E trouxe de lá uma aguarela. Linda. Ela lamenta que as pessoas invistam tão pouco em arte para presentes de Natal. E, no entanto, dura mais do que o Ferrero Rocher e não engorda! O "atelier aberto" já encerrou as portas, mas o blog Gracinda Candeias (ver aqui nos links) continua aberto. E, com o bom humor e bom gosto que ela tem, atrevo-me a dizer que se for preciso faz embrulhos para presente...


A propósito disso, lembrei-me de que estamos quase no Natal e, com tanto trabalho e tanta confusão, já me esquecia de fazer a minha lista (ficam as imagens e tudo, para não haver confusões). Obrigada antecipadamente!










PS. Parece-me óbvio que estou a falar de filmes e séries de tv, não é?

sexta-feira, novembro 30, 2007

173. A MINHA AMIGA GRACINDA CANDEIAS


Já aqui falei dela. É preciso conhecer a Gracinda porque qualquer descrição fica muito aquém da personagem. É uma artista plástica com forte cotação no mercado e grande talento. É uma pessoa delirante, imparável, de uma criatividade e energia invejáveis. É simpática, afável, generosa, divertida. E escreveu-me a dizer que faz neste fim de semana mais um dos seus "ateliers abertos" para partilhar experiências e... (por que não?) promover a venda de criações suas ("O Natal também é Arte", diz ela no seu mail) que darão excelentes presentes de Natal. Porque isto de os artistas viverem do ar que respiram é pura poesia...


A sua mais recente criação esteve exposta na FAC (Feira de Arte Contemporânea), em Lisboa, há duas semanas e chama-se "Corpus Meum".


A respeito desta fase da sua obra, cito (do seu blog):


Liberdade

A mão do ser Humano, com um dedo oposto - o polegar - foi uma aquisição evolutiva extremamente importante, pois deu um poder de defesa e capacidade de modificar o meio ambiente...permitindo até pintar!

Justamente, são as mãos o meu principal instrumento na pintura, há mais de 30 anos.

Um dia, deixei de SENTIR AS MÃOS!

Experimentei várias sensações........até à ausência delas e achei que não tinha mãos!

Em finais de Novembro de 2004, fui submetida a uma intervenção cirúrgica à mão esquerda.

A cirurgia foi a libertação do nervo mediano, ou um corte do ligamento anelar anterior do carpo.

Pois! A libertação do nervo!... Mas não a minha! Penei todo este tempo, até que em Agosto de 2007 dou por mim a fotografar a mão esquerda com a mão direita, pois é dela que se trata neste trabalho.

Recorri às novas tecnologias e acrescentei pontos eléctricos luminosos.

Imperceptíveis no primeiro olhar, representam os choques que senti, por cada nervo a ser libertado. A libertação de cada um passa por essa ausência de contornos, de amarras, de realidades, de barreiras.
espaço

E assim é a Gracinda Candeias. Já aqui disse uma vez que vale a pena conhecer a mulher e a obra. Vai mais uma vez valer a pena passar pelo atelier dos Coruchéus, este fim de semana, para partilhar as experiências do Corpus Meum... e dos scones que ela já nos prometeu. A verdade é que, scones à parte, e já que não estava em Lisboa no fim de semana em que decorreu a FAC, estou morta de curiosidade para conhcer esta nova fase da Gracinda. Não vou faltar.

quarta-feira, novembro 28, 2007

173. E FOI ASSIM.


No dia 26 de Novembro de 2007, mais um Vá.Vá.Diando. Com Otelo Saraiva de Carvalho. Muitos anos passados sobre a revolução dos cravos.

domingo, novembro 18, 2007

172. VIVER MAIS E MELHOR - receita de 1911


O meu avô tinha uma pequenina biblioteca, no seu quarto, independente das outras estantes de livros que havia lá em casa. Era uma escolha eclética e assaz bizarra: alguns livros de André Brun e Gervásio Lobato (em especial Lisboa em Camisa); umas duas ou três biografias, não me lembro já de quem; um volumezinho com vidas de santos e outro intitulado Os Milagres de Santo António; dois manuais do perfeito charadista (actividade que ele exercia com grande mérito) e A Vida ao Ar Livre, de J.P. Müller (1911).
Foi neste último, a páginas 99, que deparei com um capítulo cujo título me chamou a atenção - Duração normal da vida humana - e que passo a citar parcialmente, mantendo a ortografia da época.
...
"Antes de responder, devo declarar que não dou ao vocábulo "normal" a significação que lhe dá muitas vezes a sciencia, e principalmente a estatística: não o considero sinonimo de "média". Por duração "normal", entendo "duração indicada pela natureza".Segundo a opinião dos individuos que se teem entregado ao estudo d'esta questão, a duração normal da vida humana, varia entre 80 e 140 annos.
A meu ver, o individuo que vive em condições ideaes e higienicamente desde que nasceu, tem grandes probabilidades de não morrer antes dos 150 annos. Vou demonstral-o por antithese."
...
"Quando andámos no collegio fomos obrigados a respirar em atmospheras viciadas: é esta a razão por que a maior parte dos homens actualmente vivos não pode esperar viver até aos 140 annos. Pode comtudo, direi mais, deve trabalhar para melhorar as condições da vida publica e privada, de maneira que a mocidade de hoje possa aproximar-se d'esse ideal.
espaço

Nietzche

Nietzche tem muita razão quando diz que o desgosto de viver e a falta de vitalidade da actual geração teem por causa a pesada atmosphera de estufa e de "cave" que todos nós respiramos. Se respirassemos constantemente ar puro, é quasi certo que o hábito de bebermos uma pequena porção de vinho ou cerveja e de fumarmos um ou dois charutos por dia - prazeres que nos dão uma grande sensação de bem-estar e nos conservam bem dispostos - é quasi certo, dizia eu, que esse habito não poderia, praticamente, diminuir de maneira sensivel o numero de annos de vida.

Os rapazes pallidos e adoentados não devem esse estado aos "excessos" que praticam, mas sim ás estadas prolongadas nas atmospheras empestadas dos cafés e á insufficiencia do somno nocturno."

E pronto, aqui fica para reflexão. Eu já desconfiava que o estado do ensino era responsável por uma data de coisas! O livrinho tem outros capítulos cujos títulos são igualmente apelativos, como Meias "de ar" e camisas de dormir "de ar", mas não conto mais. O meu avô não viveu até aos 140, mas chegou ágil fisica e mentalmente aos 88. Fumava uma marca de cigarros chamada Craven A, de que ainda restam lá por casa uma ou outra caixa, de metal, vermelha, com um gato preto. Mas deixou de fumar quando eu nasci.

quarta-feira, novembro 14, 2007

171. EM SERRALVES

ROBERT RAUSCHENBERG: Em viagem 70-7626 Out 2007 - 30 Mar 2008 - MUSEU DE SERRALVES


Ca' Pesaro (Veneziano) 1973 colecção do artista
espaço
Esta exposição é a primeira grande apresentação em Portugal de obras do artista contemporâneo Norte-Americano, Robert Rauschenberg. A sua arte internacionalmente aclamada desafiou sucessivas gerações durante mais de 50 anos. Travelling ‘70-‘76 conta com 65 trabalhos produzidos pelo artista usando materiais simples e universalmente disponíveis tais como cartão e tecido. A exploração deste pouco conhecido grupo de obras torna possível redescobrir e situar este período de actividade no contexto da sua obra.
Comissariado: Mirta d'ArgenzioCo-Produção: Fundação de Serralves, Haus der Kunst, Munique (Alemanha) e Museu Donna Regina (Madre), Nápoles (Itália)
espaço
(informação do Museu de Serralves)


“I don’t want a picture to look like something it isn’t. I want it to look like something it is. And I think a picture is more like the real world when it’s made out of the real world.”
“A pair of socks is no less suitable to make a painting with than wood, nails, turpentine, oil, and fabric.”
espaço
Robert Rauschenberg in Susan Hapgood’s Neo-Dada, Redefining Art 1958-1962, p.18

Não só de Andy Warhol, Roy Lichtenstein, David Hockney ou Richard Hamilton se fez a história da Pop-Art. Robert Rauschenberg partilhou com estes nomes a génese desse movimento artístico surgido nos anos 50, principalmente nos Estados Unidos e Inglaterra, e que iria marcar a arte moderna e as gerações futuras.

Rauschenberg nasceu em 1925 e é autor de uma obra vastíssima, embora não tenha conhecido em Portugal a mesma divulgação dos outros nomes do movimento em que se integra. Daí que esta mostra, agora presente em Serralves, mereça toda a nossa atenção. Ela não será a mais significativa do trabalho de Rauschenberg, confinada como está a uma época muito específica, correspondendo a uma viragem na sua atitude perante a arte e a vida, momento de provocação divertida e de contestação de toda uma cultura ferozmente consumista. Contudo ela tem o grande mérito de chamar a atenção para o artista e despertar a vontade de conhecer melhor os outros momentos do seu percurso.


Durante dez anos Robert Rauschenberg foi designer residente da Merce Cunningham Dance Company. Minutiae (1954) foi a sua primeira criação para a companhia, como cenário para o espectáculo de dança contemporânea da Cunningham-Cage.

Entre 1976-78 uma importante retrospectiva da obra de Rauschenberg organizada pela National Collection of Fine Arts, de Washington, percorreu os Estados Unidos. O próprio autor nunca deixou de estar presente em inúmeras actividades, em todo o mundo, incluindo colaborações com artistas de diversos países e organização de workshops, numa actividade que viria a culminar na Rauschenberg Overseas Culture Interchange (ROCI) projecto que se realizou entre 1985 e 1991. Em 1997, o Guggenheim Museum de Nova Iorque expôs a maior retrospectiva do trabalho de Rauschenberg até hoje realizada, que visitaria vários países da Europa em 1998.

Vivendo desde 1970 na ilha de Captiva, Flórida, de onde sai sempre que a vida social o desafia (aqui acompanhado por Sharon Stone, numa fotografia de 2005), limitado pela doença que o obriga a deslocar-se em cadeira de rodas, Robert Rauschenberg mantém a vitalidade, o vigor e a originalidade que sempre marcaram a sua obra e continua a pintar e a influenciar a arte moderna.

sexta-feira, novembro 02, 2007

HUG 2


Era fatal: deixei pessoas/blogs fora do HUG 1 indevidamente. A Alexandra, que não foi esquecimento, obviamente, mas por não frequentar blogs. Já a Rosário, do Divas e Contrabaixos, por exemplo, é indesculpável. Bem como a Nan, das Letras de Babel, a Isa (take-it), a Isabel C. (Serpentine) e a Cátia, tão económica no seu Ideal não muito Perfeito, mas essa (last but not least) sabe que não me esqueceria dela (di jeito maneira).

E pronto, agora, mesmo os que não mencionei considerem-se envolvidos no Free Hug virtual que aqui vos deixo.

170. UM ABRAÇO

espaço

Free Hug Day is the day before September 11. On that day, free hugs are used to encourage people to contemplate about the tragedy that happened on September 11, 2001, and to spread the concepts of love and peace.
espaço
Quando comecei este blog, faz para o mês que vem um ano,...
Recomecemos com total fidelidade à verdade: quando entrei neste blog que o Lauro António começou para mim, com a promessa de que seria feito em conjunto, iniciativa a que o Frederico se associou, faz para o mês que vem um ano, não alimentava qualquer tipo de expectativa em relação a esta forma de comunicação. A blogosfera não me dizia nada e nem apreciava especialmente os blogs. Entretanto afeiçoei-me e encontrei aqui um lugar de troca de opiniões, imagens, afectos, textos, ideias, sugestões quase sempre interessantes. Criei o hábito de visitar meia dúzia de blogs e de receber a sua visita. Uma conversa calma, às vezes pela noite dentro, um descobrir de afinidades, de paixões, de interesses. Conheci aqui pessoas interessantes, confirmei o interesse de outras que já conhecia. Estabeleci mesmo afinidades e (creio mesmo poder dizê-lo) uma ou outra amizade. No fundo, para mim, que trabalhei toda uma vida em lugares cheios de gente e que trabalho agora em casa, tem sido o blog aquele lugarzinho ao pé da máquina do café onde se trocam opiniões sobre o filme visto na véspera, sobre o livro que se está a ler, sobre a música que se ouviu na rádio, onde se mostram as fotografias das viagens e se trocam confidências.
Em breve o blog se tornou a pausa-café (às vezes tão demorada que qualquer patrão refilaria) onde me habituei a relaxar em companhia agradável.
Esta ideia do Free Hug Day sugeriu-me uma distribuição de free hugs, mesmo fora do dia, para manifestar o meu prazer por ter aqui convivido com meia dúzia de pessoas (poucas mas boas). Estes Hugs são extensíveis à outra assoalhada que ocupo na blogosfera, dia de preguiça.
O primeiro abraço, como é óbvio, vai para o Lauro António, sem quem nunca teria havido blog. Sei que aqui ele nunca encontrou nada de novo, ou que não conhecesse, mas não deixou memso assim de ser visita assídua.
Outro para o Frederico (mais ou menos blogueiro) e para a Alexandra (nada blogueira) que, com maior ou menor assiduidade, nunca me abandonam.
Outro para a S., cujo conhecimento já vinha de muito antes destas vidas e que aqui nos encontrámos.
Depois um abraço para aquelas pessoas que mal conhecia e com quem me habituei a ter um convívio quase diário e que assinam Ouriço, Pai, Ana Paula, IMF.
Um abraço igualmente para os amigos aqui revelados, o Intruso, a Bandida, o Arion, o Atum e a Franksy, a Isabel Victor.
Um abraço para os meus visitantes fiéis, a Sony Hari, o Luis Galego, a Mel Carvalho, a Alice, a C., a Ida.
Para todos estes e também para os que esqueci injustamente, um abraço grátis e obrigado por aparecerem e por terem paciência para os meus desabafos.

terça-feira, outubro 30, 2007

169. MAS VOU FAZER UM ESFORÇO.

De 22 a 27, em Seia, decorreu o 13º Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Ambiente - CineEco.
Muitos (e bons) filmes a concurso (grandes temas que dizem respeito a todos), júris esforçados e interessantes, ambiente de saudável partilha de ideias e experiências, debate acalorado de opiniões, sol, alguma chuva, prémios e muito boas recordações porque Seia é uma cidade que sabe acolher os visitantes e em todos deixa a vontade de voltar.
Ficou mais forte em cada um a consciência de que o planeta em que vivemos precisa do esforço urgente de todos antes que seja tarde para que não se cumpra a previsão anunciada no filme The 11th Hour, concebido e interpretado por Leonardo DiCaprio, que teve antestreia nacional neste CineEco, de que "O planeta vai continuar cá, mais verde do que nunca, com as águas mais límpidas, nós é que não vamos sobreviver para o ver".
Ainda podemos agir. E o cinema ajudou a descobrir caminhos, em Seia, de 22 a 27 de Outubro.
espaço
Anthímio de Azevedo (lembram-se de ele aparecer em nossa casa, todas as noites, para dizer o tempo que ia fazer no dia seguinte?). Um homem sabedor, lúcido e inteligente que o CineEco homenageou muito justamente neste sua 13ª edição.


Os Júris do CineEco na sua (quase) totalidade: Júri Internacional, Júri das Extensões e Júri da Juventude.
Ficou a promessa de que para o ano haverá mais. Vão anotando nas vossas agendas. Seia vale a pena. O CineEco vale a pena. O ambiente vale a pena. Pensem nisso enquanto estamos na 11th hour porque a 12th será talvez tarde demais.

sexta-feira, outubro 19, 2007

168. NÃO SOU DIGNA DE TER UM BLOG.

É verdade! Ter um blog supõe uma certa capacidade de o manter vivo e alimentado, qual tamagoshi e isso não tem acontecido aqui no meu modesto T1. Eu sei que a minha vida tem sido uma correria, mas há quem corra mais do que eu e lá vai mantendo a escrita em dia (para descodificar isto, veja-se por onde tem andado o autor de Lauro António Apresenta).
Também não tenho visitado espaços da blogosfera, nem os habituais nem os outros. Enfim, sou a vergonha da classe bloguística!

E hoje não é mais do que um toca e foge. Para deixar ficar um registo rápido e fugidio.

Mas afinal, o que é que me tem mantido tão arredada do convívio virtual? O trabalho, sem dúvida, que se acumulou durante a minha imersão total na história sangrenta da época isabelina, mas também uma quantidade de acontecimentos.

O CineEco foi apresentado, no espaço ambientalista da EDP, no Marquês de Pombal, em Lisboa. Reuniu-se um grupo muito diversificado e simpático.


O filme do Lauro, com a colaboração estreita do Frederico, sobre a pintura da Maria Sobral de Mendonça, e em especial sobre esta exposição, intitulada de Tiqqun, foi apresentado, na Fnac, e a exposição inaugurou, na Câmara Municipal de Lisboa. Simpática e generosa, a Maria produziu abundante material onde esta foto da minha autoria era repetida. É um prazer e uma honra saber que ela se sente captada e retratada pela minha câmara.
espaço

No Vá-Vá, dois Vá.Vá.Diando. Com Rogério Samora e Carlos do Carmo. Pretexto para conversa animada sobre um tema sempre apaixonante: ser artista.


Entretanto, uma ida a Turim, ao Cinemambiente, festival parceiro do CineEco.

A sala onde decorrem as sessões do festival, o Cinema Massimo.

A entrada para o Museu do Cinema (sim, é verdade, há fila para entrar no museu! E há uma sala de ópera cujos 1.600 lugares se encontram esgotados na sessão de 3ª feira, às 3 da tarde, para ver e ouvir Verdi).

O chapéu e o cachecol emblemáticos de Federico Felini.

Mais um prémio para um filme português que começa a ser campeão de prémios: "Ainda há Pastores?", de Jorge Pelicano. Desta vez o prémio foi o Green Award, prémio dos prémios, que distingue o melhor filme de temática ambiental do ano. Parabens, Jorge!

E o CineEco onde, há precisamente um ano, o filme do Jorge era exibido em estreia, está de novo à porta. Vamos, portanto, até à Serra.

terça-feira, outubro 02, 2007

165. OS (LIVROS) QUE (NÃO) MUDARAM A MINHA VIDA


Desde que o Lauro António deixou o desafio que eu tenho andado a pensar nos tais livros que não mudaram a minha vida. Não é fácil tarefa, até porque não me lembro deles. A lista telefónica de Lisboa? O Pantagruel? O manual de instruções do fax?

Por outro lado, quanto mais penso, mais "eles" se infiltram nos meus pensamentos. "Eles", os que mudaram alguma coisa na minha vida. E como a estes desafios se responde subvertendo-os (não é assim?), aqui ficam os responsáveis pelo que (mal ou bem) "eles" mudaram em mim.


Creio poder começar pela Condessa de Ségur (na colecção azul, bem entendido). Foi com "Os Desastres de Sofia" que aprendi a gostar de ler. Foi a invenção da leitura. Marcou. Só podia.

Depois será justo referir Jules Verne. Com ele descobri que o mundo é infinito como a imaginação humana. Li-o todo, numa colecção de capa vermelha com ilustrações magníficas, que habitava - e continua a habitar - na prateleira mais alta da estante do meu pai. Não sou muito dada a monumentos fúnebres, mas gosto de saber que os restos mortais de Jules Verne continuam sob o signo da aventura.

Hemingway foi talvez o primeiro autor "moderno" que li ("primeiro, os clássicos"). Deu-me uma outra dimensão da literatura. Era desmedido, violento, poderoso. A chamada "linguagem literária" ganhou outra dimensão.

Estavam a começar os anos 60 quando um (jovem) autor português publicava aquele que ia ser um livro de culto de geração. Refiro-me a Augusto Abelaira e a "A Cidade das Flores". O romance de Rosabianca e Giovanni ainda hoje permanece na minha memória como uma janela que se abria para a liberdade e para a vida.
Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre. Poderiam ter mudado a minha vida. Era o fascínio de Paris, do Café de Flore, do Marais, de uma intelectualidade de esquerda, do "Deuxième Sexe", das "Mains Sales". No entanto, o fascínio não resistiu à erosão.

Mas depois foi a descoberta de Marguerite Duras e essa, sim, mudou a minha forma de entender a literatura e também a sua interacção com o cinema. "India Song", "Le Ravissement de Lol Valérie Stein", "Le Vice-Consul" e tantos outros tornaram-se títulos mágicos. E assim irão ficar.

Vergílio Ferreira. Mudou parte da minha vida. O homem e a obra. Tenho saudades de conversar com ele, de o ouvir na melodia de uma autobiografia, "Nasci em Melo, na Serra da Estrela...", capturado num filme do Lauro António.

Paul Auster, Enrique Vilas-Matas, Haruki Murakami. Muito recentes para saber as marcas que deixarão. Para já, são o meu vício, o meu prazer.

António Lobo Antunes. Sem dúvida. Mudou toda a música do que é a literatura. É uma sinfonia sem medida. Ninguém escreve como ele. É ele próprio que o diz. E é capaz de ter razão.

Pronto, são dez. Não obrigatoriamente os livros da minha vida, como é óbvio. Não são sequer os autores da minha vida, com algumas excepções. Faltam muitos muito importantes, definitivos e imensos. Mas são os que me lembro de terem alterado alguma coisa bem dentro de mim. De terem deixado marca para sempre.
Era isto, Lauro?