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Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos.
Era no tempo em que o teu corpo era um aquário.
Era no tempo em que os meus olhos
eram os tais peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade:
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus
Eugénio de Andrade
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15 comentários:
e de repente os olhos deixam de ser e de ver e de sentir.
abraço-te
querida MEC.
muito.
piano.
Há bocado, vinha na autoestrada e lembrei-me de ti... Beijos!
PS: gosto do novo visual, fresquinho, puro, piqueniqueiro ;)
Obrigada! Lembrares-te de mim na autoestrada pode provocar acidentes...
Fresquinho e puro era como eu gostava que o meu espírito estivesse, portanto posso considerar um êxito o novo visual...
Beijos
Querida Isabel, os olhos cansam-se e afinal, sentir dói demasiado.
Retribuo o abraço
Está lindo, fresquinho e puro, o novo visual! Tal como por lá... porque também reparei :)
Beijinhos
Obrigada, Ana Paula. A pureza às vezes ainda é o que era, temos de a descobrir onde ela se esconde.
Beijinhos
Só para deixar um beijinho.
Beijinho
:-)
Obrigada, S. Beijinho
Gosto!
renovar o visual ajuda a renovar a alma.
Faço sempre isso com o wallpaper do computador, o cabeçalho do blogue...
enfim...
Beijinhossssssssssss, do
Helder
Bem, dos poemas que mais gosto no Eugénio de Andrade!
Nunca se gasta nem gatará;
nunca deixará de ser aquário, mesmo quando a água esteja escassa no verão.
Um abraço
LOULOU
De acordo, Loulou. Obrigada. E a sorte que eu tenho de ser aquário (de signo)...
bj
o novo visual é magnífico. e tu também!
beijos
Nem só de sopa vivemos, né? E se há mais marés que marinheiros não haverá muito mais onde depositar a confiança?
Desculpa a banalidade e recebe um xoxo muito especial.
Será que sou alguma coisa, Bandida? Será que o que sou vale a pena? Será que não seia melhor não ser?
Beijo
Erecteu, obrigada, vai outro em retribuição. Ai Portugal, meu país de marinheiros!
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