quinta-feira, novembro 27, 2008

PÓVOA DA ATALAIA

b Já não se vê o trigo,
a vagarosa ondulação dos montes.
Não se pode dizer que fossem contigo,
tu só levaste esse modo

infantil de saltar o muro,
de levar à boca
um punhado de cerejas pretas,
de esconder o sorriso no bolso,

certa maneira de associar às rolas
ou então pedir um copo de água,
e dormir em novelo,
como só os gatos dormem.

Tudo isso eras tu, sujo de amoras.

Eugénio de Andrade

b

3 comentários:

Bandida disse...

maravilha!!!!!!



beijo MEC!

intruso disse...

p.s.
adoro o cabeçalho do blog...
:)

Maria Eduarda Colares disse...

Obrigada, Bandida, obrigada, Intruso (então gostas das minhas couves:)).
Muitos beijos