sexta-feira, novembro 30, 2007

173. A MINHA AMIGA GRACINDA CANDEIAS


Já aqui falei dela. É preciso conhecer a Gracinda porque qualquer descrição fica muito aquém da personagem. É uma artista plástica com forte cotação no mercado e grande talento. É uma pessoa delirante, imparável, de uma criatividade e energia invejáveis. É simpática, afável, generosa, divertida. E escreveu-me a dizer que faz neste fim de semana mais um dos seus "ateliers abertos" para partilhar experiências e... (por que não?) promover a venda de criações suas ("O Natal também é Arte", diz ela no seu mail) que darão excelentes presentes de Natal. Porque isto de os artistas viverem do ar que respiram é pura poesia...


A sua mais recente criação esteve exposta na FAC (Feira de Arte Contemporânea), em Lisboa, há duas semanas e chama-se "Corpus Meum".


A respeito desta fase da sua obra, cito (do seu blog):


Liberdade

A mão do ser Humano, com um dedo oposto - o polegar - foi uma aquisição evolutiva extremamente importante, pois deu um poder de defesa e capacidade de modificar o meio ambiente...permitindo até pintar!

Justamente, são as mãos o meu principal instrumento na pintura, há mais de 30 anos.

Um dia, deixei de SENTIR AS MÃOS!

Experimentei várias sensações........até à ausência delas e achei que não tinha mãos!

Em finais de Novembro de 2004, fui submetida a uma intervenção cirúrgica à mão esquerda.

A cirurgia foi a libertação do nervo mediano, ou um corte do ligamento anelar anterior do carpo.

Pois! A libertação do nervo!... Mas não a minha! Penei todo este tempo, até que em Agosto de 2007 dou por mim a fotografar a mão esquerda com a mão direita, pois é dela que se trata neste trabalho.

Recorri às novas tecnologias e acrescentei pontos eléctricos luminosos.

Imperceptíveis no primeiro olhar, representam os choques que senti, por cada nervo a ser libertado. A libertação de cada um passa por essa ausência de contornos, de amarras, de realidades, de barreiras.
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E assim é a Gracinda Candeias. Já aqui disse uma vez que vale a pena conhecer a mulher e a obra. Vai mais uma vez valer a pena passar pelo atelier dos Coruchéus, este fim de semana, para partilhar as experiências do Corpus Meum... e dos scones que ela já nos prometeu. A verdade é que, scones à parte, e já que não estava em Lisboa no fim de semana em que decorreu a FAC, estou morta de curiosidade para conhcer esta nova fase da Gracinda. Não vou faltar.

quarta-feira, novembro 28, 2007

173. E FOI ASSIM.


No dia 26 de Novembro de 2007, mais um Vá.Vá.Diando. Com Otelo Saraiva de Carvalho. Muitos anos passados sobre a revolução dos cravos.

domingo, novembro 18, 2007

172. VIVER MAIS E MELHOR - receita de 1911


O meu avô tinha uma pequenina biblioteca, no seu quarto, independente das outras estantes de livros que havia lá em casa. Era uma escolha eclética e assaz bizarra: alguns livros de André Brun e Gervásio Lobato (em especial Lisboa em Camisa); umas duas ou três biografias, não me lembro já de quem; um volumezinho com vidas de santos e outro intitulado Os Milagres de Santo António; dois manuais do perfeito charadista (actividade que ele exercia com grande mérito) e A Vida ao Ar Livre, de J.P. Müller (1911).
Foi neste último, a páginas 99, que deparei com um capítulo cujo título me chamou a atenção - Duração normal da vida humana - e que passo a citar parcialmente, mantendo a ortografia da época.
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"Antes de responder, devo declarar que não dou ao vocábulo "normal" a significação que lhe dá muitas vezes a sciencia, e principalmente a estatística: não o considero sinonimo de "média". Por duração "normal", entendo "duração indicada pela natureza".Segundo a opinião dos individuos que se teem entregado ao estudo d'esta questão, a duração normal da vida humana, varia entre 80 e 140 annos.
A meu ver, o individuo que vive em condições ideaes e higienicamente desde que nasceu, tem grandes probabilidades de não morrer antes dos 150 annos. Vou demonstral-o por antithese."
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"Quando andámos no collegio fomos obrigados a respirar em atmospheras viciadas: é esta a razão por que a maior parte dos homens actualmente vivos não pode esperar viver até aos 140 annos. Pode comtudo, direi mais, deve trabalhar para melhorar as condições da vida publica e privada, de maneira que a mocidade de hoje possa aproximar-se d'esse ideal.
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Nietzche

Nietzche tem muita razão quando diz que o desgosto de viver e a falta de vitalidade da actual geração teem por causa a pesada atmosphera de estufa e de "cave" que todos nós respiramos. Se respirassemos constantemente ar puro, é quasi certo que o hábito de bebermos uma pequena porção de vinho ou cerveja e de fumarmos um ou dois charutos por dia - prazeres que nos dão uma grande sensação de bem-estar e nos conservam bem dispostos - é quasi certo, dizia eu, que esse habito não poderia, praticamente, diminuir de maneira sensivel o numero de annos de vida.

Os rapazes pallidos e adoentados não devem esse estado aos "excessos" que praticam, mas sim ás estadas prolongadas nas atmospheras empestadas dos cafés e á insufficiencia do somno nocturno."

E pronto, aqui fica para reflexão. Eu já desconfiava que o estado do ensino era responsável por uma data de coisas! O livrinho tem outros capítulos cujos títulos são igualmente apelativos, como Meias "de ar" e camisas de dormir "de ar", mas não conto mais. O meu avô não viveu até aos 140, mas chegou ágil fisica e mentalmente aos 88. Fumava uma marca de cigarros chamada Craven A, de que ainda restam lá por casa uma ou outra caixa, de metal, vermelha, com um gato preto. Mas deixou de fumar quando eu nasci.

quarta-feira, novembro 14, 2007

171. EM SERRALVES

ROBERT RAUSCHENBERG: Em viagem 70-7626 Out 2007 - 30 Mar 2008 - MUSEU DE SERRALVES


Ca' Pesaro (Veneziano) 1973 colecção do artista
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Esta exposição é a primeira grande apresentação em Portugal de obras do artista contemporâneo Norte-Americano, Robert Rauschenberg. A sua arte internacionalmente aclamada desafiou sucessivas gerações durante mais de 50 anos. Travelling ‘70-‘76 conta com 65 trabalhos produzidos pelo artista usando materiais simples e universalmente disponíveis tais como cartão e tecido. A exploração deste pouco conhecido grupo de obras torna possível redescobrir e situar este período de actividade no contexto da sua obra.
Comissariado: Mirta d'ArgenzioCo-Produção: Fundação de Serralves, Haus der Kunst, Munique (Alemanha) e Museu Donna Regina (Madre), Nápoles (Itália)
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(informação do Museu de Serralves)


“I don’t want a picture to look like something it isn’t. I want it to look like something it is. And I think a picture is more like the real world when it’s made out of the real world.”
“A pair of socks is no less suitable to make a painting with than wood, nails, turpentine, oil, and fabric.”
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Robert Rauschenberg in Susan Hapgood’s Neo-Dada, Redefining Art 1958-1962, p.18

Não só de Andy Warhol, Roy Lichtenstein, David Hockney ou Richard Hamilton se fez a história da Pop-Art. Robert Rauschenberg partilhou com estes nomes a génese desse movimento artístico surgido nos anos 50, principalmente nos Estados Unidos e Inglaterra, e que iria marcar a arte moderna e as gerações futuras.

Rauschenberg nasceu em 1925 e é autor de uma obra vastíssima, embora não tenha conhecido em Portugal a mesma divulgação dos outros nomes do movimento em que se integra. Daí que esta mostra, agora presente em Serralves, mereça toda a nossa atenção. Ela não será a mais significativa do trabalho de Rauschenberg, confinada como está a uma época muito específica, correspondendo a uma viragem na sua atitude perante a arte e a vida, momento de provocação divertida e de contestação de toda uma cultura ferozmente consumista. Contudo ela tem o grande mérito de chamar a atenção para o artista e despertar a vontade de conhecer melhor os outros momentos do seu percurso.


Durante dez anos Robert Rauschenberg foi designer residente da Merce Cunningham Dance Company. Minutiae (1954) foi a sua primeira criação para a companhia, como cenário para o espectáculo de dança contemporânea da Cunningham-Cage.

Entre 1976-78 uma importante retrospectiva da obra de Rauschenberg organizada pela National Collection of Fine Arts, de Washington, percorreu os Estados Unidos. O próprio autor nunca deixou de estar presente em inúmeras actividades, em todo o mundo, incluindo colaborações com artistas de diversos países e organização de workshops, numa actividade que viria a culminar na Rauschenberg Overseas Culture Interchange (ROCI) projecto que se realizou entre 1985 e 1991. Em 1997, o Guggenheim Museum de Nova Iorque expôs a maior retrospectiva do trabalho de Rauschenberg até hoje realizada, que visitaria vários países da Europa em 1998.

Vivendo desde 1970 na ilha de Captiva, Flórida, de onde sai sempre que a vida social o desafia (aqui acompanhado por Sharon Stone, numa fotografia de 2005), limitado pela doença que o obriga a deslocar-se em cadeira de rodas, Robert Rauschenberg mantém a vitalidade, o vigor e a originalidade que sempre marcaram a sua obra e continua a pintar e a influenciar a arte moderna.

sexta-feira, novembro 02, 2007

HUG 2


Era fatal: deixei pessoas/blogs fora do HUG 1 indevidamente. A Alexandra, que não foi esquecimento, obviamente, mas por não frequentar blogs. Já a Rosário, do Divas e Contrabaixos, por exemplo, é indesculpável. Bem como a Nan, das Letras de Babel, a Isa (take-it), a Isabel C. (Serpentine) e a Cátia, tão económica no seu Ideal não muito Perfeito, mas essa (last but not least) sabe que não me esqueceria dela (di jeito maneira).

E pronto, agora, mesmo os que não mencionei considerem-se envolvidos no Free Hug virtual que aqui vos deixo.

170. UM ABRAÇO

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Free Hug Day is the day before September 11. On that day, free hugs are used to encourage people to contemplate about the tragedy that happened on September 11, 2001, and to spread the concepts of love and peace.
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Quando comecei este blog, faz para o mês que vem um ano,...
Recomecemos com total fidelidade à verdade: quando entrei neste blog que o Lauro António começou para mim, com a promessa de que seria feito em conjunto, iniciativa a que o Frederico se associou, faz para o mês que vem um ano, não alimentava qualquer tipo de expectativa em relação a esta forma de comunicação. A blogosfera não me dizia nada e nem apreciava especialmente os blogs. Entretanto afeiçoei-me e encontrei aqui um lugar de troca de opiniões, imagens, afectos, textos, ideias, sugestões quase sempre interessantes. Criei o hábito de visitar meia dúzia de blogs e de receber a sua visita. Uma conversa calma, às vezes pela noite dentro, um descobrir de afinidades, de paixões, de interesses. Conheci aqui pessoas interessantes, confirmei o interesse de outras que já conhecia. Estabeleci mesmo afinidades e (creio mesmo poder dizê-lo) uma ou outra amizade. No fundo, para mim, que trabalhei toda uma vida em lugares cheios de gente e que trabalho agora em casa, tem sido o blog aquele lugarzinho ao pé da máquina do café onde se trocam opiniões sobre o filme visto na véspera, sobre o livro que se está a ler, sobre a música que se ouviu na rádio, onde se mostram as fotografias das viagens e se trocam confidências.
Em breve o blog se tornou a pausa-café (às vezes tão demorada que qualquer patrão refilaria) onde me habituei a relaxar em companhia agradável.
Esta ideia do Free Hug Day sugeriu-me uma distribuição de free hugs, mesmo fora do dia, para manifestar o meu prazer por ter aqui convivido com meia dúzia de pessoas (poucas mas boas). Estes Hugs são extensíveis à outra assoalhada que ocupo na blogosfera, dia de preguiça.
O primeiro abraço, como é óbvio, vai para o Lauro António, sem quem nunca teria havido blog. Sei que aqui ele nunca encontrou nada de novo, ou que não conhecesse, mas não deixou memso assim de ser visita assídua.
Outro para o Frederico (mais ou menos blogueiro) e para a Alexandra (nada blogueira) que, com maior ou menor assiduidade, nunca me abandonam.
Outro para a S., cujo conhecimento já vinha de muito antes destas vidas e que aqui nos encontrámos.
Depois um abraço para aquelas pessoas que mal conhecia e com quem me habituei a ter um convívio quase diário e que assinam Ouriço, Pai, Ana Paula, IMF.
Um abraço igualmente para os amigos aqui revelados, o Intruso, a Bandida, o Arion, o Atum e a Franksy, a Isabel Victor.
Um abraço para os meus visitantes fiéis, a Sony Hari, o Luis Galego, a Mel Carvalho, a Alice, a C., a Ida.
Para todos estes e também para os que esqueci injustamente, um abraço grátis e obrigado por aparecerem e por terem paciência para os meus desabafos.