domingo, março 11, 2007

66. COISAS DE QUE NÃO TENHO SAUDADES 1


Liceu D. Filipa de Lencastre. Aqui, antigo 3º ano (7º actual?). Bata branca, abotoada nas costas (raras excepções). Emblema do liceu no lado esquerdo da bata, emblema da Mocidade Portuguesa no lado direito (em caso de extravio, falta de castigo). Calças, proibido; mangas curtas, proibido; bata sem cinto, proibido.

10 comentários:

Anónimo disse...

A minha mãe era "contínua" por estes tempos no antigo Liceu Nacional de Setúbal e conta-me das proibições que lhe pediam para pôr em prática... Às vezes relato-as aos meus alunos, que olham para mim como se eu estivesse a contar uma lenda. Por um lado, ainda bem...

Maria Eduarda Colares disse...

É verdade, arion, "eles não sabem nem sonham..." Era tudo praticamente proibido. Ainda hoje me faz uma sensação de claustrofobia passar pela rua do liceu. Não havia necessidade... diria o Diácono Remédios. Mas também, pelo que me chega hoje aos ouvidos, não foi passar de 8 a 80, mas de 8 para uns 80.000.

Anónimo disse...

E nos tempos que correm, com o que nos têm feito...

Ana Paula Sena disse...

M.,achei muito interessante esta foto. Detesto sentir-me entre proibições e compreendo a sua sensação de claustrofobia. No entanto, tenho que reconhecer que a foto também revela algo positivo. Uma certa seriedade no estar que caiu em desuso e de forma radical. Alguns detalhes de correcção deveriam ter sido conservados mas o tempo há-de colocar as coisas no seu lugar. Eu ainda acredito. Desde que não se volte para trás...isso é que não. Obrigada pela foto que gostei imenso de ver.
:) A.P.

Maria Eduarda Colares disse...

Uma coisa é verdade, ana paula, aprendíamos. Aprendíamos mesmo. Feliz, não era, mas aprendi coisas que nunca mais esqueci. Uma destas professoras (em todo o liceu tive duas, no máximo três que eram boas)tinha um francês exemplar e ensinava magnificamente. Quem havia de dizer? Nunca mais me esqueci nem dela nem do francês que ela me ensinou.

Ouriço disse...

Falta seriedade, falta vontade de aprender, falta respeito por quem ensina e pelos colegas. Não há educação nenhuma. Para quem ensina, há dias desconcertantes...
Os meus pais dizem o mesmo, aprendiam imenso, coisas das quais nunca mais se esqueceram.

Anónimo disse...

Também andei no Filipa e a maioria das minhas recordações são felizes, muito embora a disciplina fosse nalguns casos um pouco imcompreensivel para quem tinha 12 anos.Mas o respeito nunca fez mal a ninguém! Se houver algum convivio de antigas alunas(70-76) gostava de saber. R.

Paulo POTT disse...

Olá!
Não entendo esse espirito progressista barato.
Afinal aquilo que condena foi substituido pela bandalheira.
Pensei que pessoas como você já não existissem.
Enfim...é uma tristeza
Já sei que não vai publicar,mas ao menos registe a figura triste que fez...

Pott

Maria Eduarda Colares disse...

Anónimo: Já nem me lembrava de ter publicado este post.
Mas é verdade, não tenho saudades, não.
Mas já agora Anónimo e Pott têm direito a uma resposta.
Anónimo(a): Teve sorte em não se sentir infeliz, afinal não escolhemos o que sentimos. Numa coisa concordo: o respeito nunca fez mal a ninguém. Nunca dei por nenhum convívio, não.

Maria Eduarda Colares disse...

POTT: não publico? Porquê? Para censura já chegou o que chegou! Exprima-se à vontade, senhor(a)!
Eu não disse absolutamente nada em favor da bandalheira actual, que me parece absolutamente insuportável. O que não me deixou saudades foi o ambiente repressivo e sufocante, irracional e castrador. Acha que alguém pode ter saudades de um sítio e de um tempo em que se sentiu mal?
Pensou que pessoas como eu já não existissem? Desculpe, não estou a perceber. Refere-se a pessoas que não têm a nostalgia de um clima de repressão e de falta de liberdade? Já não há tantas como isso porque o tempo passa e as pessoas que se recordam do que é viver sem liberdade vão desaparecendo, é verdade, mas creio que a maioria que ainda existe não tem qualquer nostalgia da falta de liberdade.
Já vi que não é o seu caso, mas está no seu direito. Se gostava de andar a marchar de bata branca por baixo do joelho, abotoada nas costas, de cinto e emblema da MP ao peito, num liceu exclusivamente feminino, onde não se podia quase correr, nem falar com rapazes numa área de 1 quilómetro da porta, nem vestir umas vulgares calças... está no seu pleno direito! Quem sou eu para criticar os fétiches alheios! Agora permita que os outros não guardem boas recordações desse regime! Tinha uma vantagem: as professoras não estavam autorizadas a encerrar a escola para irem fazer manifestações para a rua, é um facto. E aprendia-se, é outro facto. Mas aposto que eu tinha aprendido o mesmo com menor dose de repressão e que não teria hoje recordações tão negativas.
E se ler os comentários que estão para trás, bem como as minhas respostas, verá que admito facilmente todas as posições, mesmo quando não concordo... aí é capaz de ter razão: não há muita gente assim! O que se vê mais é a intolerância e não admitir que os outros tenham opiniões diferentes das nossas.
E quando quiser exprimir a sua opinião, sinta-se livre para o fazer.