Parabéns à RTP, que fez cinquenta anos! Eu sei que me atrasei, mas tudo bem, ainda vou a tempo.
Eu gosto da RTP. Temos ambas Portugal no coração. Foi bom ver que a nossa televisão, de todos nós, ao entrar na idade das "primeiras" rugas conseguiu levantar cabeça e ressurgir, rejuvenescida, cheia de vigor. Todos nos regozijamos com isso.
E, contudo, vejo uma sombra toldar esse regozijo. Vejo ânimos um pouco agitados. Vejo corações magoados no seu orgulho nacional. Engraçado verificar que em Portugal não há fome que não dê em fartura. Passado o tempo de nos envergonharmos de tudo o que era portugês, chegou a época de empunharmos a bandeira do nacionalismo. Ora ainda bem! Melhor assim.
Contudo, neste momento, não percebo bem as razões.
Tudo se deu por causa de uma coincidência de datas na transmissão de dois programas televisivos.
Na RTP 1 era exibida a gala dos 50 anos. Normal, visto que era o dia do aniversário. Na TVI era transmitida uma outra gala, esta da eleição das 7 Maravilhas do Mundo. A data? 7 de Março, tal como vai ser a 7-7 a transmissão da final. De 2007, pois. A organização do acontecimento escolheu o dia por ser 7.
E pronto. Havia duas galas, é verdade. À mesma hora, no mesmo dia. Qual é o problema? Ainda vamos tendo público para encher a deitar por fora o Campo Pequeno e o Coliseu. Cerca da meia noite, Lisboa era uma festa. O fluxo de trânsito que vinha das Portas de Santo Antão juntou-se ao que saía do Campo Pequeno. Alguns encontraram-se a meio caminho, no Galeto, e trocaram impressões. Viste? Vi. Gostaste? Gostei. E tu? Hum... assim, assim.
Era de festa, o ambiente. Uns gostaram mais disto, outros daquilo. Felizmente os gostos não são iguais e a opinião é livre.
Nada me levava a crer que uma inquietação bem diferente alastrava por aí. "Os sacanas da TVI fizeram isto para lixar a RTP", chegou-me aos ouvidos.
Lixar? Porquê? Somos um país pequenino, mas temos público suficientemente adulto para saber optar pelo programa que mais lhe interessa. Ninguém lixou ninguém. Aliás, se alguém ficou prejudicado, foi a TVI, cujas audências para um programa daqueles poderiam ter sido infinitamente maiores se não coincidisse com a festa da RTP. Assim, foi batida pelo 1º canal em dia de celebrações contínuas. Como aliás era fácil de prever: os 50 anos da televisão nacional é tema do interesse de um público muito mais vasto, espalhado por esse país fora, do que a eleição de algo um pouco vago que dá pelo nome de 7 maravilhas do mundo. De um lado o público tinha a oportunidade de rever as velhas glórias que são a nossa memória colectiva, ao longo dos últimos 50 anos, do outro lado, podia assitir a um espectáculo sobre os monumentos do mundo dignos de se baterem pelo título de maravilhas.
Não há concorrência.
Para além disso, em que é que isso prejudica o espectador? Para já, não vai certamente tardar em poder assitir ao programa que deixou de ver (seja ele qual for) e que será certamente , como é hábito, repetido no fim de semana, de manhã, à tarde, à noite e até ninguém o poder já aguentar. Por outro lado, ninguém o impediu de ver fosse o que fosse: deram-lhe a escolher. E ele escolheu livremente.
Eu vi (ao vivo e a cores) o programa do Campo Pequeno e gostei. Gostei mesmo muito. Não sei se na televisão resultou da mesma forma, é possível que sim, ou que não. Mas penso rever.
Não vi o da RTP, portanto não sei se gosto ou não. Mas espero também vir a ver.
Não creio que sejam programas para se comparar, são dois espectáculos, cada um no seu género. Parabéns à RTP, que é a menina dos anos e parabéns à TVI e ao La Féria que nos proporcionaram uma noite de entretenimento absolutamente inesquecível, seja em que parte for do mundo.
Provavelmente terão até sido dois bons espectáculos. Mas, por muito festivos que sejam os acontecimentos que lhes deram origem, não passam de programas de televisão.
Nem tudo tem de ser o Benfica-Sporting!
No dia 7-7-07 vai ser a final das 7 Maravilhas. Acho que não vou assitir... é no estádio do Benfica e cá por casa as tendências são predominantemente verdes.